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"Hoje em dia os pais têm pouca ideia daquilo que realmente se
passa com os filhos.
Julgam que as suas adolescências são iguais às que tiveram, e deixam-nos à solta. Acontece que a realidade actual é muitíssimo diferente daquilo que eu oiço dizer que era nos anos setenta, oitenta e noventa.
É uma realidade em que o sexo e as drogas fazem parte do dia-a-dia.
Se estiver a ler estas linhas e disser: «Com o meu ilho isso não acontece, porque é bom aluno e não o educo para se meter nessas coisas», talvez não seja má ideia ler o livro até ao fim. Eu também era boa aluna e os meus pais não me educaram para me meter «nessas coisas»."
É brutal e chega até a ser violento.
Tem uma linguagem que não é comum nos livros, é uma história verídica e chocante que me incomoda no sentido em que já imaginava que isto aconteceria mas não desta dimensão. Já li algumas reportagens sobre estes temas, mas daí a imaginar que estes jovens o fazem tão intensamente deixa-me boquiaberta.
Gostava de conhecer esta adolescente e conversar com ela...gostava que os pais abrissem a pestana e que os jovens tivessem um pouco mais de tino na cabeça...
Este livro é um grande abre-olhos, recomendo vivamente, é de fácil leitura e já me prendeu desde a primeira página...
Sinopse:
Aos olhos do mundo, Inês é
a menina perfeita. Frequenta um dos melhores colégios nos arredores de Lisboa e
relaciona-se com filhos de embaixadores e presidentes de grandes empresas. Por
detrás das aparências, a realidade é outra, e bem distinta. Inês e os seus
amigos são consumidores regulares de drogas, participam em arriscados jogos
sexuais e utilizam desregradamente a Internet transformando as suas vidas numa
espiral marcada pelo descontrolo físico e emocional. Francisco Salgueiro dá voz
à história real e chocante de uma adolescente portuguesa, contada na primeira
pessoa. Um aviso para os pais estarem mais atentos ao que se passa nas suas
casas.
Excertos do Primeiro Capitulo:
"Sento-me
aos pés da cama. No ar há um intenso cheiro a sexo.
Atrás
de mim, um homem de quarenta e cinco anos que acabei de foder.
Olho para o espelho e pergunto-me que idade terei realmente. Sinto-me com
quarenta, mas no meu cartão de cidadão está marcado
dezassete.
Imagino
o que os meus pais dirão se souberem o que realmente se tem
passado na minha vida. Para eles, eu ainda sou a menina perfeita, pura e
virgem. Quando pensam no meu futuro, vêem-me a caminho
do altar e de um casamento com trezentos convidados.
Perdi a
virgindade aos catorze. Era velha quando isso aconteceu. Pelo menos, comparando
com a maior parte das minhas amigas. Desde os doze que elas gozavam comigo por
ainda não ter ido para a
cama com um rapaz, tal como já haviam feito.
...
Mas aos doze eu comecei a ver as minhas amigas brincar
com pilas. Essa era a conversa que mais vezes tínhamos nos intervalos
das aulas.
Aos
catorze perdi a virgindade, e aí senti que fazia parte do clube,
que naquela altura já nem era assim tão restrito. Tinha conquistado um novo
prazer. Um prazer demasiado viciante para ser desperdiçado
e apenas usufruído quando fosse mais velha.
...
Quando íamos a discotecas, produzíamos-nos tanto que
parecíamos ter dezanove anos. Ao fim de
segundos
estávamos rodeadas por homens, muitos com idade para serem
nossos pais.
Vejo a minha cara no espelho. Estou tão
passada com a coca que
acabei de snifar que não consigo perceber se tenho nojo ou pena de mim.
Batem à porta. Não tenho tempo para responder, porque é
aberta
de imediato. É a Rita, a minha melhor amiga. Também tem dezassete
anos.
– Vem –
diz-me, enquanto dá uma passa no charro que tem
entre
os dedos. – Estamos todos à tua espera para jogar.
Com a
nossa idade isso pode significar querer que vá jogar com
eles às
cartas ou com a PlayStation. Mas não. No andar de baixo,
está
prestes a começar uma rainbow party, uma festa em que vários
homens
vão icar com as pilas pintadas de várias cores.
Porque
estou aqui nua com um estranho? Porque me sentirei
tão
só?
...."
Na passada semana, e a propósito da história da filha da Adelaide Ferreira, num post escrevi que "a juventude, presentemente, tem medo que o mundo acabe amanhã, e acham que ter sexo é ser adulto!" A pressa! A pressa! A pressa! E depois ainda não são adultos e já se sentem gastos... Enfim...
ResponderEliminarBem, só este "cheirinho" que deixaste neste blog já prevê o que aí está, nesse livro... não conhecia. Fiquei bastante curiosa, por tudo. Vou procurá-lo! Obrigada pela partilha. :)
ResponderEliminarDe facto as pessoas quando querem conseguem esconder quem são. Nem sempre o que parece é. Nem sempre...
Olá. Já li este livro e é da facto chocante e algo violento. Confesso que como mae de 2 miudas, uma de 17 e outra de 15, este livro assustou-me um pouco, apesar de elas serem umas miudas responsaveis e nunca me terem dado problemas de especie nenhuma, muito menos do calibre deste livro. Mas foi sem dúvida um alerta, e acho que todos os pais o deviam ler.
ResponderEliminarBjinho
Nunca tinha ouvido falar nesse livro mas agora quero muito ler... apesar de achar que vou ficar chocada. As crianças de hoje querem ser adultos tão depressa que me confunde. quem me dera a mim ser criança outra vez...
ResponderEliminarTenho de ler, gosto de livros mais cruéis.
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