Na sexta assim que saí do trabalho fui ter com o mais-que-tudo à casa da
sogra. Ele estava num estado lastimável: não conseguia andar (arrastava-se),
não se consegui endireitar (andava corcunda), não conseguia estar deitado, não
conseguia estar de pé, não conseguia dormir e as dores eram tantas que só
gemia.
Eu: Aflição e sangue frio - resultado:
dor de estômago.
Apoiado nos meus ombros consegui levá-lo para o carro (a sogra mora no 3º
andar ok?) e fomos levar uma injecção na farmácia logo ali ao lado (não gostei
do atendimento, bem sei que há bons e maus profissionais em todos os campos,
mas era escusado picarem o homem 2 vezes (o rabo dele já parece um
passador!!!), além de ser mais caro na farmácia do que na clínica mas era o que
se arranjava).
A tortura dele continuou, passou a noite em claro, às voltas: da cama para o
sofá, para o wc, pediu-me para lhe dar com jactos de água quente pelas costas e
assim o fiz por duas vezes, e ele a gemer completamente desesperado e
descabelado. Às tantas ainda eram 5h da matina e faltava ainda tanto tempo (3h)
para o medicamento...
Eu passei a noite em claro como ele, não fiz a digestão do jantar, só me
apetecia vomitar (ai aguenta mulher, bebe chá de cidreira que quem precisa de
cuidados é o gajo), eu pedia-lhe que pensasse em coisas boas, pensamentos
positivos mas ele não conseguia. Assim que o dia clareou um pouco, arrumei a
trouxa, pus asas nos pés da filha dele, disse à sogra que agora ele ficava por
minha conta. Zimbora - segurem-se que o meu carro vai voar (andar de carro é
mais uma tortura para o homem, mas sem trânsito nenhum àquela hora eu pensei
que quanto mais depressa chegasse mas depressa acabaria o sofrimento). Fomos
levar a filha dele ao acampamento de férias, e rumámos á clínica para outra
dose dupla de injecção (não podia ter corrido melhor, a senhora picou-o uma só
vez e deu-lhe as duas injecções na mesma picadela, foi mais barato e ainda lhe
disse o que eu havia tentado dizer durante a noite...saí de lá com Valdispet na
mão...ai agora dormes ou eu não me chamo Supersónica). Chegámos à minha casa,
ele ficou à vontade, deitei-o na cama e foi um alivio para mim vê-lo a dormir
2horas...e eu também. Passei o fim-de-semana assim: despertadores para os
medicamentos dele, fazer de bengala, colocar-lhe creme, saco de água quente com uma toalha húmida, dar-lhe comida (e eu só do cheiro já me
agoniava, nem sopa eu aguentei...arreeeeeee toma chá com torradas mulher!!!).
Ontem a sogra e as tias foram fazer uma visita para o chá e ainda levaram
pastéis de Belém (nhamiiii). Para o jantar fiz peixe cozido (eu adoro peixe,
mas este então soube-me pela vida...já estava farta de chá com torradas e ardor
no estômago) ai que eu comi cá com uma felicidade.
Ele já estava a mandar umas piadas (estava finalmente a voltar à sua
essência), vimos o filme "Regresso ao futuro" e rimos tanto, tanto,
tanto - porque rever um filme que eu vi 50 vezes quando era miúda, agora sabia
aquilo de cor mas rever as caretas que fazem e as piadas que na altura não
percebia...foi um fartote! Esta noite já se passou melhor e hoje de manhã lá
fui com ele à injecção. Mais uma vez sempre a abrir coitado, é lombas é
rotundas....
A senhora assim que nos viu começou logo a brincar connosco (haja boa
disposição logo de manhã)! E tufas mais uma picadela e logo de seguida abram
alas que eu ainda tinha de vir para o trabalho e chegar a horas, mas antes fui deixar
o homem em casa a descansar!